22 fevereiro 2007

Depois? Nada....

Escrevi isso há uns 3, 4 anos. Desde então ficou perdido no meu micro... Achei interessante:



A morte é o medo mais antigo do homem. Por que lutamos pra viver se nascemos pra morrer? Sim, é inevitável, um dia acontecerá comigo, com você, com seus amigos, parentes... Mas por que tanto temor e aversão à idéia de morrer um dia? Nada perde-se, pois nada se tem. Os orientais costumavam saber disso antes do Mc Donald's chegar por lá. Apenas voltamos ao ponto de partida, de onde viemos antes de nascer, nos "transformamos" novamente em átomos misturados e espalhados por aí. Um dia nossas partes estarão em homens, bichos, plantas... nada se perde, tudo se transforma. E tudo torna-se meramente físico e químico (nunca foi outra coisa além disso).


O que mais me intriga são as especulações sobre o depois da morte. Elas são cada vez mais absurdas e sem comprovações (óbvio!). Desde os primórdios da civilização, igrejas tentam, a qualquer custo, convencer-nos sobre o "paraíso" (ou "inferno") pós-vida. Na "alma" que dura eternamente e que, por vezes, é até capaz de estabelecer uma conexão com o mundo dos vivos (!!!). E fiéis apegam-se cegamente a isso, financiam essas organizações, e têm a falsa idéia de que algo os espera para retribuir tais gentilezas. A sociedade corrompe, e tudo passa a ser a base de trocas. Os principais corrompidos, sem saber, são os próprios fiéis, que ficam esperando algo em troca pelo que fazem. Só se dispõem quando conseguem colocar "Deus", ou quem quer que seja, em primeiro lugar, esperando a "recompensa" no final (ou o "perdão" para quem comete atos imorais... basta ler "O Abusado", de Caco Barcellos, e observar que o traficante, antes de matar, dizia "Deus me perdoe e me proteja." -- ou coisa do tipo. Depois... TUM!).


O fato é que o cérebro pára de funcionar. Perde-se a consciência e todos os sentidos que antes estavam ativos. É só um tecido morto, sem função, e que não pode mais delegar funções aos outros órgãos, que, por consegüinte, estarão mortos. Não ficamos "no escuro", pois não vamos mais distinguir o escuro do claro, o ruim do bom, o prazer da dor. Simplesmente não sentiremos mais nada, e não existe "Como é?", afinal NÃO é.


Mas não é por isso que a vida não faz o menor sentido. Temos cérebro porque somos fisicamente fracos, se comparados aos outros animais. Não temos habilidades marcantes, a não ser pensar e sair de problemas muito mais facilmente que qualquer outro bicho. Conseguimos discernir a melhor solução da pior através de poucas tentativas/erros. Nossa natureza precisou achar uma maneira para sobrevivermos.


O que podemos nos apegar, de forma um tanto quanto egoísta, é o quanto conseguiremos de conforto e alegria durante esse período compreendido na nossa existência e o que poderemos deixar para o conforto de quem gostamos. Entra a questão do por quê de tanto estudo, trabalho e stress. Para a civilização poder evoluir? Talvez, e isso é muito importante para a qualidade de vida futura. Mas, muitas vezes, todo esse cansaço acaba desgastando de tal modo que o conforto e saúde ficam comprometidos. O pouco tempo que temos para nos satisfazer é tomado por tristezas, dores, decepções. Muitas vezes nossa permanência é até abreviada em conseqüência de infarte, câncer, etc., e aí, sim, não faria sentido, pois não achamos o que procurávamos.


Tudo não passa de um ciclo, e a morte é a última delas, individualmente falando. Temos que nos conscientizar que ela simplesmente vem, assim como a vida. Não há motivos para o sentimento de perda. E, mesmo que tenha acontecido por um motivo banal, devemos levantar e seguir em frente, afinal o próximo pode ser você! Aproveitemos os bons momentos como se fossem únicos, o último, pois podem mesmo ser.


Não faria sentido viver o resto da vida pensando nisso. Não há solução, não há volta. Nunca haverá. ESSE é o verdadeiro sentido, a vida é uma chance única de aproveitar, experimentar e fazer acontecer para o bem de todos ou não, mesmo que a contribuição não possa ser tão grande. Somos muitos, e no final deve fazer alguma diferença.