12 janeiro 2014

Pão de Açúcar sem sal

Já tinha ido ao Rio duas vezes. Na primeira, no alto dos meus 18 ou 19 anos, fui ver a queima de fogos do Reveillón em Copacabana. Da segunda vez, fui ao show dos Rolling Stones, também na praia de Copacabana. Em nenhuma dessas oportunidades fui ao Pão de Açúcar nem ao Corcovado. Avistava-os de longe. Essa semana, indo a trabalho, tive um tempinho, no final do dia, para ir ao afamado Bondinho.


É um espetáculo de desorganização! Para comprar o bilhete, nenhuma orientação. É necessário saber que é ali que se compra o ingresso pro Bondinho. Quando ele é emitido, não informam o que deve ser feito a seguir ou qual caminho tomar. Indo pelo fluxo, cheguei ao lugar certo, não sem antes ficar inseguro se estava indo ao meu destino ou saindo pra rua. Subindo alguns lances de escada, fica-se numa sala apertada e quente, perto da catraca, esperando o tal do bonde chegar. Quando se passa o bilhete, o primeiro susto. A catraca te empurra bruscamente para dentro da área de entrada do bondinho. Mal as pessoas que voltaram lá de cima saem, as portas são abertas para a entrada do próximo grupo. Gera uma pequena confusão e algumas pessoas se empurram. Quando as portas se fecham e presta-se atenção ao interior, parece um metrô malcuidado. É possível ver vidros sujos que atrapalham a visão e as fotos, pessoas ficam no meio do "vagão", quase sem conseguir enxergar nada, o cheiro é forte e o calor escaldante.

Será que os responsáveis pelo passeio não perceberam até hoje que o Bondinho não é um meio de transporte, mas, sim, uma atração turística conhecida mundialmente? Qual o impedimento em dar conforto aos minutos de subida e descida? Ainda mais com o ingresso custando mais de 60 reais por pessoa!

Fazendo uma comparação, no London Eye (a roda-gigante de Londres) a cabine é maior e entram muito menos pessoas por vez. Tem ar-condicionado e é limpíssimo.

O passeio do Bondinho tem duas pernas. A primeira vai até o primeiro elevado do Pão de Açúcar, e a última até a segunda elevação. Nesse intervalo, saindo empurrado da cabine, não há sinalização. Só depois de algumas curvas dá pra ver umas plaquinhas mixurucas. A vista de cima é linda. Existe um mirante que dá pra baía, mas as grades do mirante não possuem proteção alguma para crianças. É impressionante saber que não existe histórico de acidentes, pois qualquer criança passa por entre os metais facilmente. E tudo o que existe após isso é um tremendo penhasco.

O Rio de Janeiro desperdiça uma chance incrível de receita com turismo (para comparação, em 2009 o México teve o dobro de ganhos em relação ao Brasil). É a cidade mais conhecida do país e talvez a que tenha mais belezas naturais, com seus lagos, mares e morros.

Além da conhecida violência que a TV retrata diariamente, os pontos turísticos são sucateados e de difícil acesso. Assim fica difícil motivar a vinda de visitantes.