O Chato

25 novembro 2008

... e boa viagem!

"Por medidas de segurança queiram permanecer sentados, com cintos afivelados, até que os sinais luminosos tenham sido apagados. Favor não utilizar o telefone celular no trajeto da aeronave ao saguão do aeroporto".


Foi como se a mensagem tivesse sido:


"Por medidas de segurança queiram permanecer levantados, com cintos destravados e fazendo bagunça. Favor utilizar o telefone celular imediatamente para tratar de assuntos quaisquer".


Uma das muitas demonstrações de que nunca seremos um país de primeiro mundo.

10 novembro 2008

O ópio do povo

Dois exemplos de que voltamos (ou nunca saímos) da Idade da Pedra:


Saiu na última edição de Veja:

"Aqui, ela foi tocada por Jesus e conheceu nosso trabalho religioso", explicou Ezenete. A pastora Ana Paula colocou em seu site uma foto sua abraçando Lucélia e gravou um clipe gospel com a participação da menina, que será lançado em breve. "Aqui em Goiânia é muito difícil esquecer. Tenho medo de encontrar Sílvia. Fico pensando nisso o tempo todo. A dor não sai de dentro de mim. Por isso, eu queria muito ir para Belo Horizonte. Queria ser pastora. Queria ser outra pessoa", diz a garota, já crente de que sua tragédia não é fruto apenas da perversão humana dos adultos. "A culpada fui eu. Eu, que não estava tocada por Jesus." No abrigo, Lucélia recebe visitas, presentes, mensagens de solidariedade, mas, ao menos oficialmente, ninguém ainda se dispôs a adotar a menina. Na semana passada, o juiz Maurício Rosa autorizou Lucélia a comemorar seu aniversário de 13 anos em companhia das pastoras evangélicas mineiras. Foi uma promessa feita a ela depois da gravação do clipe.

Saiu semana passada no site da BBC e replicado em outros sites de notícias:

Uma menina de 13 anos foi apedrejada até a morte por adultério na Somália depois que seu pai disse que ela foi estuprada por três homens. Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, Anistia Internacional, Aisha Ibrahim Duhulow foi morta no dia 27 de outubro por um grupo de 50 homens em um estádio na cidade portuária de Kismayo, no sul do país, diante de mil espectadores.


***

Lucélia é a menina que foi torturada pela mulher que a adotou e pela empregada, e que agora procura um novo lar (mas parece que querem mais "convertê-la" do que outra coisa). Aisha é só mais uma somaliana que precisa respeitar a qualquer custo as besteiras que "profetizou" seu "profeta" e que são interpretadas de muitas maneiras por seus seguidores (no caso, a religião muçulmana na Somália, mas como podemos reparar, poderia ser a evangélica ou qualquer outra em qualquer lugar). Ambas abusam da ingenuidade infantil para que "sirva de exemplo" a outros. Seja ou não pela violência (apesar da mola impulsora sempre ser a violência).


É triste, é revoltande, mas, acima de tudo, é imutável. A única conseqüência disso tudo é um bobo que escreve e expõe isso num blog que ninguém lê.