O Chato

27 fevereiro 2007

Problemas...

Acho que tem pouca repercussão a notícia sobre a Mangueira barrando a Beth Carvalho... Afinal, algo dessa magnitude deveria ter 50 min no Fantástico, não 40 min! Deveria ocupar 60% dos portais de notícias, não 50%. Não entendo essas coisas.

22 fevereiro 2007

Depois? Nada....

Escrevi isso há uns 3, 4 anos. Desde então ficou perdido no meu micro... Achei interessante:



A morte é o medo mais antigo do homem. Por que lutamos pra viver se nascemos pra morrer? Sim, é inevitável, um dia acontecerá comigo, com você, com seus amigos, parentes... Mas por que tanto temor e aversão à idéia de morrer um dia? Nada perde-se, pois nada se tem. Os orientais costumavam saber disso antes do Mc Donald's chegar por lá. Apenas voltamos ao ponto de partida, de onde viemos antes de nascer, nos "transformamos" novamente em átomos misturados e espalhados por aí. Um dia nossas partes estarão em homens, bichos, plantas... nada se perde, tudo se transforma. E tudo torna-se meramente físico e químico (nunca foi outra coisa além disso).


O que mais me intriga são as especulações sobre o depois da morte. Elas são cada vez mais absurdas e sem comprovações (óbvio!). Desde os primórdios da civilização, igrejas tentam, a qualquer custo, convencer-nos sobre o "paraíso" (ou "inferno") pós-vida. Na "alma" que dura eternamente e que, por vezes, é até capaz de estabelecer uma conexão com o mundo dos vivos (!!!). E fiéis apegam-se cegamente a isso, financiam essas organizações, e têm a falsa idéia de que algo os espera para retribuir tais gentilezas. A sociedade corrompe, e tudo passa a ser a base de trocas. Os principais corrompidos, sem saber, são os próprios fiéis, que ficam esperando algo em troca pelo que fazem. Só se dispõem quando conseguem colocar "Deus", ou quem quer que seja, em primeiro lugar, esperando a "recompensa" no final (ou o "perdão" para quem comete atos imorais... basta ler "O Abusado", de Caco Barcellos, e observar que o traficante, antes de matar, dizia "Deus me perdoe e me proteja." -- ou coisa do tipo. Depois... TUM!).


O fato é que o cérebro pára de funcionar. Perde-se a consciência e todos os sentidos que antes estavam ativos. É só um tecido morto, sem função, e que não pode mais delegar funções aos outros órgãos, que, por consegüinte, estarão mortos. Não ficamos "no escuro", pois não vamos mais distinguir o escuro do claro, o ruim do bom, o prazer da dor. Simplesmente não sentiremos mais nada, e não existe "Como é?", afinal NÃO é.


Mas não é por isso que a vida não faz o menor sentido. Temos cérebro porque somos fisicamente fracos, se comparados aos outros animais. Não temos habilidades marcantes, a não ser pensar e sair de problemas muito mais facilmente que qualquer outro bicho. Conseguimos discernir a melhor solução da pior através de poucas tentativas/erros. Nossa natureza precisou achar uma maneira para sobrevivermos.


O que podemos nos apegar, de forma um tanto quanto egoísta, é o quanto conseguiremos de conforto e alegria durante esse período compreendido na nossa existência e o que poderemos deixar para o conforto de quem gostamos. Entra a questão do por quê de tanto estudo, trabalho e stress. Para a civilização poder evoluir? Talvez, e isso é muito importante para a qualidade de vida futura. Mas, muitas vezes, todo esse cansaço acaba desgastando de tal modo que o conforto e saúde ficam comprometidos. O pouco tempo que temos para nos satisfazer é tomado por tristezas, dores, decepções. Muitas vezes nossa permanência é até abreviada em conseqüência de infarte, câncer, etc., e aí, sim, não faria sentido, pois não achamos o que procurávamos.


Tudo não passa de um ciclo, e a morte é a última delas, individualmente falando. Temos que nos conscientizar que ela simplesmente vem, assim como a vida. Não há motivos para o sentimento de perda. E, mesmo que tenha acontecido por um motivo banal, devemos levantar e seguir em frente, afinal o próximo pode ser você! Aproveitemos os bons momentos como se fossem únicos, o último, pois podem mesmo ser.


Não faria sentido viver o resto da vida pensando nisso. Não há solução, não há volta. Nunca haverá. ESSE é o verdadeiro sentido, a vida é uma chance única de aproveitar, experimentar e fazer acontecer para o bem de todos ou não, mesmo que a contribuição não possa ser tão grande. Somos muitos, e no final deve fazer alguma diferença.

Lula

"Pescadores acham lula gigante na Nova Zelândia e cientistas analisam"


Será que a Nova Zelândia não tem interesse em uma lula de barba? Acho melhor até já congelar, assim não estraga mais ainda.

15 fevereiro 2007

A vida é assim...

"Vocalista do Jota Quest está parcialmente surdo"


Nem ele agüentou se ouvir.

09 fevereiro 2007

Anistia, jamais

Texto extraído da Folha de São Paulo, de 09/02/2007




Agora que se fala em anistiar José Dirceu, é fundamental relembrar os fatos que levaram à sua cassação.
O deputado Júlio Delgado, relator do processo de cassação, em seu parecer, acentuava que Dirceu, por cumplicidade comissiva ou omissiva, como coordenador político do governo, arquitetou a engenharia política que, por quase dois anos, ideou e construiu o que vulgarmente, nos escaninhos do Congresso, se rotulou de "governabilidade do amor remunerado", sobre a qual se expandiu a base de sustentação do governo na Câmara.


Observava Júlio Delgado que, diante do conjunto expressivo de evidências, a cassação de Dirceu se impunha como meio de restaurar a dignidade e a credibilidade da Câmara, a ficar imune a influências deletérias, como a exercida por esse esquema de repasse de recursos a parlamentares.


Ressaltava, também, o parecer, ter se firmado uma aliança política que envolvia um esquema de patrocínio de despesas de campanha e de incentivos financeiros a retirar do Poder Legislativo a autonomia e a isenção necessárias para o exercício de suas atividades típicas.


Júlio Delgado concluía que, seja como autor ou articulador, a conduta do ex-deputado José Dirceu foi capaz de fraudar o regular andamento dos trabalhos da Câmara dos Deputados, influenciando em suas deliberações e votações. Em apertada síntese, esse o teor do parecer pela cassação.


Por esses fatos foi cassado, sofrendo a pena acessória de inelegibilidade pelo prazo de dez anos. A votação pela cassação foi expressiva, colhendo-se 293 votos a favor e 192 contra. Recordados os fatos, cumpre examinar se os mesmos são compatíveis com o pretendido recurso à iniciativa popular para deslanchar o projeto de anistia de José Dirceu.


A Constituição, no art. 14, institui as formas de participação popular no processo legislativo, como plebiscito, referendo e iniciativa popular. A lei nº 9.709/98, que disciplinou o processo de participação popular, estatui que o plebiscito e o referendo devem versar sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa. O projeto de lei proposto por iniciativa popular deve ser apresentado à Câmara dos Deputados subscrito, no mínimo, por 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos em cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Em correspondência com as outras formas de participação popular e pelas exigências de 1,5 milhão de assinaturas em pelo menos cinco Estados, verifica-se que a matéria de projeto de iniciativa popular também não pode deixar de ser de acentuada relevância. Não é efetivamente o caso.


Se o PT tem um grande número de deputados e forma um bloco majoritário, estando na presidência da Casa, por que não ser o projeto de lei de anistia de José Dirceu apresentado pelo partido ou por um grupo de deputados? A razão é simples: pretende-se mobilizar o país no processo de beatificação de José Dirceu, transformando a coleta de assinaturas na mais perfeita mistificação para ungi-lo no papel de coitadinho injustiçado, a ser elevado a pretendente ao Planalto em 2010. Estaria a começar a campanha presidencial.


O processo de beatificação brotaria do povo, que o aclamaria um perseguido político a ter a elegibilidade devolvida por força do reclamo popular. A pantomima estaria pronta.


Por outro lado, também a anistia não se compadece com a cassação de José Dirceu e com os fatos pelos quais foi cassado. A anistia aplica-se, em geral, para os crimes políticos. Tem cabimento quando as circunstâncias históricas revelam que a paz social precisa ser readquirida, tanto que se extingue a punibilidade riscando do mundo o fato. Pela anistia se cobre a história com o véu do esquecimento, pois concerne ao fato, e não à pessoa. Considera-se o fato como inexistente.
O maestro, que regia o "concerto" do mensalão, agora quer transformar a batuta em varinha mágica para fazer desaparecer a história, jogando ao absoluto esquecimento os fatos graves que vitimaram a vida política de nosso país, em especial a Câmara.
Até quando a nação se permitirá ser enxovalhada pela mentira e pela desfaçatez de uma mistificação? E mais: em desprezo ao Supremo Tribunal Federal, onde tramita a ação penal, na qual o pretendente a beato responde no âmbito criminal pelos mesmos fatos pelos quais foi cassado.


Até quando?


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MIGUEL REALE JÚNIOR, 62, advogado, é professor titular da Faculdade de Direito da USP e membro da Academia Paulista de Letras. Foi secretário da Segurança Pública (gestão Montoro) e da Administração (gestão Covas) do Estado de São Paulo e ministro da Justiça (governo FHC).